O artigo de hoje é um mix de estudo de caso com análise de conteúdo. Estudos de caso não é a primeira vez que aparecem por aqui, vocês já viram sobre a Overstanded.
Barbudos roqueiros armados vendendo café: já ouviu falar na Black Rifle Coffee Company?
Em dias nos quais hipsters tatuados de barbas estilosas trazem consigo o “cool way of life”, um grupo de ex-militares “raíz” sintetizam valores caricatos do universo masculino e do patriotismo americano. O resultado? Uma marca explosiva de café que bombou por meio de conteúdo e se transformou em grife.
Unindo elementos cultuados pelos “machos alfas” de plantão, a BRCC criou um background criativo unindo ingredientes bem clichês, mas de forma divertida.
Café forte, armas, rock’n’roll, tatuagens e altas doses de testosterona compõe o posicionamento desse grupo de veteranos de guerra que criaram a BRCC, uma marca de café pra lá de original.
Café + Armas = Uma combinação explosiva
Basicamente, os caras da Black Riffle Coffee Company são ex-militares, que começaram uma empresa de café premium. Atualmente eles importam os melhores grãos da Colômbia e aqui do nosso Brasil para entregar um produto diferenciado. Em sua sede eles fazem a composição dos blends e as misturas que resultam em sabores únicos.
Com nomes associados a armas famosas e outros equipamentos bélicos, encontramos um Complete Mission Kit, que entre seus itens estão um Silence Smooth Blend, cuja embalagem é ilustrada por uma pistola com silenciador.
As cápsulas de café imitam cápsulas de munição, bem como as caixas nas quais são comercializadas. Daquelas que dão até pena de jogar fora depois.
Pra completar o mix de produtos, eles ainda possuem canecas em forma de granada, além de outros itens – como camisas e bonés – que têm como tema principal armas consagradas comumente usadas pelo exército americano.
Black Riffle Coffee Company, estilo é o que não falta
Como foi dito anteriormente, a galera da BRCC é composta por um grupo de pessoas que parecem protagonistas do filme Mercenários. E não, não é exagero. Os caras são brutos mesmo.
Aparentemente a mistura de barba, tatuagem e rock’n’roll é uma fórmula que vem dando certo em diversos contextos, mas por um simples motivo: liberdade. E é isso que a Black Riffle Coffee Company vende em sua marca: o verdadeiro American Way of Life.
As garotas que compõe o time, embora minoria, também exalam uma certa agressividade com seu visual e demonstram estarem bem longe de ser o sexo frágil (principalmente armadas com um Glock .45).
O mais interessante sobre o aspecto visual do batalhão da Black Rifle Coffee Company é a naturalidade com a qual se mostram como são, demonstrando para o público pessoas reais e que expressam sua liberdade sem medo.
Munidos de bom conteúdo e com tiros certeiros no público-alvo
Municiados com bom humor, a tropa da Black Riffle Coffee Company cria conteúdo audiovisual com storytelling e brincando com aspectos do cotidiano.
O interessante é que com produções de baixo orçamento bem toscas – que nos leva a crer que são propositais –, eles conseguem um bom engajamento, usando inclusive alguns roteiros um tanto quanto nonsense (o que deixa as coisas ainda mais divertidas).
No canal da BRCC, você também encontra dicas de drinks para se fazer com café, além e tutoriais de como usar alguns dos produtos que podem ser comprados pelo site. Ou seja, insumo de conteúdo para as redes sociais é o que não falta.

Ainda a exemplo do entretenimento, temos dois brutamontes tocando músicas natalinas usando metralhadoras e tiro ao alvo.
Mas não é só humor que alimenta as redes sociais da BRCC.
Recentemente eles acertaram no alvo mais uma vez ao inaugurar uma série intitulada It’s Who We Are.

Na série, protagonizada por pessoas afetadas pela guerra, encontramos personagens reais que superaram obstáculos diversos ao se reinserir na sociedade.
Entre os heróis citados na série temos Matt, um veterano que perdeu as pernas; Amanda, uma oficial das forças especiais contando sua experiência pilotando caças; e Mohammad Wali, um ex combatente do exército afegão que decidiu recomeçar sua vida nos Estados Unidos.
A força de vontade, as oportunidades, a coragem e o poder de reiniciar sua vida são temáticas fortes e comoventes na série. Assim, o público-alvo se envolve com as histórias, reconhecendo a dor e a superação dos protagonistas.
Mais do que dar entretenimento, o BRCC dá voz a sobreviventes e naturalmente conseguem visibilidade e engajamento.
Sexismo dosado ou piadinhas desnecessárias?
Bom, a discussão a gente deixa a cargo do leitor, mas recomendamos que a faça após ver alguns vídeos lançados nas redes sociais da BRCC.

Embora o esquadrão da BRCC faça algumas piadas relacionadas a características do universo feminino, eles costumam inserir um plot twist no vídeo, normalmente uma reviravolta que reitera a força feminina e inverte o papel de submissão e/ou fragilidade.
Assim, temos protagonistas mulheres, armadas, agindo com mais eficiência do que os marmanjos tatuados barbudos e velhos de guerra.

Particularmente, considerando o público-alvo da marca e as discussões em alta sobre o empoderamento feminino, acredito que tenham acertado a mão na dosagem do humor. Mas gostaria da sua opinião ao fim da leitura do artigo.
Peço desculpas pelo trocadilho, mas creio que uma das principais coisas que um veterano de guerra aprende é a não pisar nas minas.
Conclusão
A gente aprende com os soldados da BRCC que o conteúdo relevante é o principal poder de fogo de uma marca que busca pulverização nas redes sociais. E olha que eles começaram com vídeos bem pobres no aspecto audiovisual, no quais sequer usavam microfone para gravar os diálogos.
Trazendo consigo entretenimento, uma pauta de reconhecimento de combatentes e uma excelente estratégia de posicionamento de marca, a Black Rifle Coffee Company conseguiu transformar um brand voltado a café para um grife que produz hoje algo em torno de 1000 a 1300 camisas próprias e exporta seus produtos para todo canto.
Não sei se você é público-alvo desses caras, mas uma coisa é certa: os caras acertaram o target em cheio, num disparo digno de atiradores de elite.
O que você achou sobre a irreverência no formato de fazer conteúdo dessa marca? Você acha que ela é uma empresa de café ou de marketing? Comenta aqui em baixo.