Sempre achamos que o oposto à fragilidade é a resiliência.
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Resiliência é a capacidade de voltar ao estado natural depois de uma perturbação.
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Em uma aplicação prática de vida, é você conseguir “manter a rota” diante de uma situação adversa, sem se abalar por aquilo.
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Mas, depois que Nassim Taleb apresentou ao mundo um novo conceito, percebemos que o oposto ao frágil é, na verdade, a antifragilidade ou a capacidade de crescer e se beneficiar do imprevisto, do caos.
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Já ouviu aquela frase que diz: “O que não me mata me torna mais forte” ?
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Digamos que esta frase (de Nietzsche, BTW) traz a essência do que é a antifragilidade.
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Anote isso: a dor é um pré-requisito para a antifragilidade. Pare alguns minutos e lembre-se de situações adversas pelas quais passou como, por exemplo, o fim de um relacionamento, a separação dos seus pais, uma demissão…
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O que fez meu relacionamento terminar?
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Como a separação dos meu pais me afetou?
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O que a minha demissão reflete sobre quem eu sou?
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Que lições eu posso tirar disso tudo?
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Eu sei que você está gostando, então continue lendo para aprender mais sobre a antifragilidade e como aplicá-la em sua vida.
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Origem do termo e Autor
O termo foi criado pelo filósofo e economista libanês Nassim Taleb e apresentado em sua obra “Antifrágil: coisas que se beneficiam do caos“, lançada em 2012.
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Nassim Taleb é professor de risco no Instituto Politécnico da Universidade de Nova York e é considerado um dos maiores especialistas no mundo em mercado financeiro (um ambiente cheio de incertezas e fragilidades). Ele previu ainda o colapso financeiro que abalou o mercado em 2008.
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Para ele, como dito anteriormente, o oposto do frágil não é o resiliente e, sim, o antifrágil, a evolução da resiliência.
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Enquanto que na resiliência nós temos a capacidade de suportar as pressões sem sofrer alteração, na antifragilidade você é desafiado a ir além, a se aprimorar, a desenvolver as habilidades que tem, além de novas habilidades.
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A antifragilidade é a evolução da resiliência como modelo mental para progredir na vida.
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Veja um exemplo tangível para entender: nossos músculos.
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Ao ser submetido a uma sobrecarga de força por intermédio de um exercício de levantamento de pesos, ele se beneficia e cresce.
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Nosso músculo é antifrágil ao impacto (até certo ponto, claro). Logo, ele se beneficia da sobrecarga. Se ele fosse somente resiliente, não haveria aumento na massa muscular e ele apenas resistiria a sobrecarga, mantendo-se o mesmo.
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Se quiser se aprofundar no pensamento do autor, destaco aqui outras grandes obras suas: Iludidos pelo Acaso (2001), A Lógica do Cisne Negro (2007) e Arriscando a Própria Pele (2017)
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Para que serve a Antifragilidade?
A importância do conceito reside no fato de que ele ajuda a lidar com os riscos e incertezas presentes nas mais diversas áreas de nossas vidas.
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Pense na competitividade do mercado, seja você funcionário brigando por uma promoção ou um empreendedor lutando com a concorrência e a burocracia, por exemplo.
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Todos somos constantemente testados. Os mais fracos não resistem à ocorrência dos eventos inesperados (veja o caso da Pandemia, por exemplo). Você será um “sobrevivente” caso absorva esse conceito de antifragilidade.
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Quem possui um pensamento antifrágil tem consciência da existência de fatores externos e inesperados (que não estão nem aí para o seu planejamento) e, diante desses fatores, encara a aleatoriedade com naturalidade e como fator benéfico, sempre buscando o fortalecimento.
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Optar pelo caminho do antifrágil significa encarar os eventos adversos de frente, buscando o aperfeiçoamento diante deles. Assim, para que haja crescimento, pessoal e profissional, nós NÃO devemos evitar o caos. Se esquivar e se proteger de ataques ou mudanças bruscas é camuflar suas fraquezas, ainda que pareça o caminho mais seguro.
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Tornando-se antifrágil
Legal, eu curti o conceito e já virei fã do Nassim Taleb. Mas, como eu posso aplicar a antifragilidade em minha vida? Como eu posso me tornar antifrágil?
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Primeiro, vale ressaltar que a antifragilidade não é uma metodologia, mas sim, um comportamento, postura ou modelo mental a ser adotado.
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Aqui vai algumas dicas e conceitos do livro para te ajudar nesse processo.
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Leia o livro
Existem muitos artigos falando sobre o tema, mas nada se compara ao que é ensinado no livro, com as palavras do próprio autor. Então, vá direto à fonte.
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Esse é o primeiro passo se deseja se aprofundar no tema que pode te ajudar a evoluir em momentos de incertezas, como este em que vivemos durante a pandemia.
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Não perca a oportunidade de ler o livro e assumir uma postura antifrágil neste período.
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Elimine suas fragilidades
Elimine as fragilidades dos sistemas. As fragilidades tiram seu foco e sugam sua energia.
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Para Nassim Taleb, é melhor ser robusto do que ser frágil e só conseguimos isso identificando e eliminando nossos ponto frágeis.
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O poder dos estressores
Taleb diz: “Sistemas complexos são enfraquecidos, até mortos, quando privados de estressores.”
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Reduzir suas fragilidades a fim de conseguir um sistema mais robusto é bom, mas é preciso tomar cuidado para não agir, por exemplo, como um pai super protetor, que priva seu filho de experiências importantes para a própria evolução.
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Há casos, ainda, em que intervir em uma situação pode até piorá-la. É o que chamamos de intervencionismo ingênuo. Um exemplo? Na medicina, quando um tratamento desencadeia problemas maiores do que a própria doença.
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Se você não sabe qual será o resultado de uma intervenção, o que ela vai desenrolar e como vai impactar o problema atual, é melhor não intervir.
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Teste do tempo
Também chamado de efeito Lindy, é um parâmetro importante para medir a confiabilidade de algo.
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Se você fosse um investidor, pronto para comprar ações, investiria em empresas com mais de 10 anos no mercado, com uma boa gestão ou em empresas que acabaram de surgir?
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Na maioria das vezes é melhor investir recursos e dinheiro em coisas que já foram testadas e aprovadas há mais tempo.
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Pensar a partir deste prisma, pode nos ajudar a tomar diversas decisões relacionadas a investimentos, liderança e gestão de negócios.
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Preservar e arriscar
Taleb lança mão de outro fenômeno, o Efeito Barbell, para falar sobre preservação e risco.
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Isentar-se totalmente de riscos não é positivo no antifrágil. Isso não significa, porém, que você deve sair por aí se arriscando sem pensar nas consequências (isso se chama risco calculado).
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A sugestão de Taleb para se arriscar e ao mesmo tempo se preservar é usar a estratégia citada anteriormente, o efeito Barbell, na qual a maior parte dos seus recursos é preservada e apenas uma pequena parcela é arriscada.
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Esse é um comportamento comum em que faz investimentos e Taleb aconselha concentrar 90% do capital em investimentos seguros e diversificados e arriscar apenas 10% em aplicações mais ousadas (como o bitcoin, por exemplo).
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Num contexto profissional, é comum não querer errar e tentar se proteger a todo custo dos riscos. Contudo, é importante permitir uma margem de erro e, em alguns casos, como em equipes criativas, por exemplo, até incentivá-los para que as pessoas evoluam a partir deles.
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O NÃO pesa mais que o sim
Taleb sugere que devemos remover aquilo que não dá certo, ao invés de acrescentar aquilo que talvez dê certo.
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É um pensamento contrário ao senso comum, pois geralmente as pessoas preferem apenas agir. Todavia, segundo o autor, o ideal seria sempre agirmos pela via negativa, onde o não é mais importante que o sim, ou seja: o que não fazer é mais relevante do que o que será feito.
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É retirar o que não é necessário e reduzir recursos, antes de acrescentar.
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Aconselhe-se com quem coloca sua pele em jogo
Ou quem arrisca sua própria pele.
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Este é um conceito abordado com profundidade em seu outro livro “Arriscando a própria pele”.
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Taleb diz que cada vez menos pessoas assumem as consequências de suas ações e isso é um grande problema.
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Para ele, devemos nos aconselhar com quem tem conhecimento de causa em determinado assunto, pois muitas pessoas têm dado opinião a respeito de coisas nas quais não estão verdadeiramente envolvidas, pessoas que não “sujaram suas mãos de terra”, sem track record.
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Curtiu?
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Acredito que ficou mais claro para você o que é antifragilidade e como assumir uma postura antifrágil em todas as áreas de sua vida
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E fique tranquilo, não dá para planejar tudo, e está tudo bem!
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Então se apegue menos a certezas.
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E a melhor forma de se arriscar é entendendo que se der certo você ganhará muito e se der errado perderá pouco, mas o mais importante é como você se comporta em meio ao caos.
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